Padres
Às vezes encaramos a Igreja Católica como uma estrutura altamente disciplinada, um pouco como a instituição militar. Para quem vive dentro da Igreja como leigo, esta estrutura pode ser um peso enorme. Mas os padres vivem também múltiplas tensões. Não creio que este tipo de organização seja intrínseca ao Evangelho; penso que se trata de algo pernicioso e que terá algo a ver com a "crise de vocações".
Tenciono ir discutindo aqui também estes aspectos mas, para já, ficam dois posts de padres na blogosfera, que sugerem que o mal estar também existe "do outro lado": o Confessionário de um Padre e o Padres Inquietos.
P.S.: Acabo de constatar que o Confessionário de um Padre foi varrido, não restando senão uma pequena mensagem. É normal descontinuar um blog mas não é normal que desapareça tudo de um dia para o outro. Esta limpeza radical de uma história vivida surpreende-me bastante. Espero que não seja sinal de uma censura superior ou auto-imposta.
8 Comments:
"esta estrutura pode ser um peso enorme"
Caro CA,
vivemos de certeza em contextos diferentes, mas o que me custa mais ultimamente, é esse "peso" a que te referes.
Têm-se gasto demasiadas energias a manter a estrutura, eu própria levo uma vida disso...
Quanto ao padres...enquanto se sentirem "seres à parte"...tudo vai ficando na mesma.
MC
Tens toda a razão. São mesmo educados para serem "seres à parte" enquanto Deus se fez homem para não ser um "ser à parte " da nossa vida.
CA
Creio que a censura é auto-imposta, de qualquer dos modos, tenho pena. No "confessionário", eram verbalizados sentimentos que normalmente, de várias formas, se ocultam, acabando mais tarde por desembocar em situações mais "traumáticas" para todos. Além de que era um óptimo espaço de partilha. Olha, continuemos nós...
Fiquei na dúvida se utilizar palavras ou o silêncio, mas não resisti. Sou assim mesmo. Eu não desapareci. Vou continuar por aí. Vou aparecendo. Apenas queimei uma etapa. Há coisas que têm de ser feitas, mesmo que sejam penosas para nós. Isso significa maturidade. Ninguém me obrigou a enecerrar esta etapa. Apenas senti, por alguns critérios essenciais que existiam para o blog existir, que não dava para continuar. Ninguém me obrigou, a não ser a minha coerencia...
Mas não vou deixar de gostar muito de vós.
Confessionário
Acreditamos que continue a gostar de nós. Também nós continuamos a gostar de si e a apreciar a sua presença.
Continua sem explicação o facto de ter eliminado todo o conteúdo do blog. Este é, para mim, o único aspecto estranho. Gostaria que o explicasse melhor. É que, de certo modo, aqueles textos e sobretudo os comentários, já não eram só seus: eram também um pouco de todos os que lá escreveram ou passaram pelo blog.
Padre,
obrigada pelo comentário. Agora compreendo melhor as tuas razões.
Enquanto não arranjas uma nova "casa", vai discutindo nas caixas de comentários, as tuas opiniões são importantes para nós.
Tenho uma prenda para ti, no meu bloguesito.
Abraço
Ca,
peço desculpa. Se calhar foi precipitação e descuido. Eu não queria que fosse assim. E pesei o facto de o blog não ser inteiramente meu. O que mais me custou foi mesmo perder esses comentários lindos.
Mas ao tentar bloquear o blog e indicar que deixava de existir, limpei-o. Foi mais ou menos sem querer. E não sabia (ignorância informática) como guardar tanta palavra bonita! No entanto quando algo encerra não deve ficar meio encerrado. Vistas as coisas assim, até que foi melhor.
Um dia...
Caro Padre do Confessionário
A singularidade do seu blog era o facto de se ter feito um de nós, deixando de se apresentar como um "ser à parte". O modo como se abriu poderá tê-lo feito sentir-se exposto, mas permitiu um testemunho de uma enorme importância. Posso dizer-lhe, de experiência própria, quer enquanto evangelizado quer enquanto evangelizador, que o facto de abrirmos um pouco da nossa vida e a partilharmos com o outro, tem uma força muito grande.
A Igreja precisa de uma reflexão muito profunda no que diz respeito aos padres (e à hierarquia em geral) e só será possível avançar se os padres estiverem dispostos a não esconderem o que lhes vai na alma. As estruturas à nossa volta têm por vezes a tendência para abafar a nossa individualidade a pretexto que se trata de algo que temos ainda que melhorar ou educar em nós. Contudo acontece por vezes que aquilo que pensamos que é só nosso é afinal algo que muitos sentem. E quando sou capaz de começar a falar descubro que dei força a muitos outros.
Vou continuar a desenvolver estas temáticas do viver a Igreja por dentro (as leituras do Verão andaram à volta disto) e gostaria que fosse deixando o seu ponto de vista.
Um abraço amigo.
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