agosto 04, 2007

Salazar ainda vive?

Têm sido múltiplos os casos de "azares pessoais" que acontecem a pessoas que se têm oposto publicamente a este governo. A injustiça do caso relatado no Público de hoje e a seguir transcrito parece evidente. Será que acima de tudo este governo quer deixar mais claro que quem se meter com ele será pessoalmente penalizado, independentemente de ter toda a razão do mundo?

Já agora, é este o espírito do Partido Socialista? Ou é mais o espírito do Estado Novo que venceu por dentro os ideais do socialismo? Formalmente a democracia derrotou o salazarismo mas parece que no fundo foi o espírito do salazarismo que venceu.

Lei deixa de fora professora que mais reclamou
04.08.2007, Isabel Leiria

Dulce Dias vê-se condenada à mesma instabilidade e aos "recibos verdes" que têm marcado a sua vida

Durante anos reclamou da situação que a afectava a si e dezenas de outros professores que, apesar de acumularem contratos e de serem necessários nas escolas, não tinham hipótese de entrar nos quadros, já que as regras do concurso nacional de docentes não permitiam a sua candidatura.

E, quando finalmente viu o problema na iminência de ser resolvido, acabou por se tornar na única docente de técnicas especiais a não ser abrangida pela portaria, anteontem aprovada em Conselho de Ministros, que determinou a vinculação de uma centena de profissionais com mais de dez anos ininterruptos de serviço.

Professora da disciplina de Comunicação (leccionada em cursos profissionais) há "19 anos, 10 meses e 20 dias", Dulce Dias vê-se assim condenada à mesma instabilidade e aos "recibos verdes" que têm marcado a sua vida. Tudo porque em 2005/2006 não conseguiu, pela primeira vez, uma colocação.

Apesar de, segundo o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL) que tem acompanhado o caso, ser a professora de técnicas especiais com mais anos de serviço em Portugal, Dulce Dias viu-se ultrapassada num concurso para a escola de São João do Estoril no passado ano lectivo. Impugnou o concurso porque alega que as regras foram alteradas a meio, levando a que perdesse o primeiro lugar que ocupava na lista de candidatos. Mas enquanto aguarda a decisão do tribunal viu, entretanto, aprovada a lei que integra estes professores (de disciplinas de natureza profissional, vocacional ou artística) nos quadros do Ministério da Educação, desde que tenham leccionado sem interrupção durante dez anos, incluindo o de 2006/2007.

Ora esse foi precisamente o ano em que não conseguiu colocação. Sendo que se o ME não tivesse demorado mais de um ano a acatar a resolução da Assembleia da República, Dulce Dias teria sido integrada, de acordo com o previsto na primeira versão do diploma do ME e que definia 2005/2006 como limite. "A partir do momento que o ministério foi informado desta situação, e atendendo a que fui sempre eu que reclamei e trouxe o assunto para o Parlamento e para a comunicação social, só posso concluir que foi de propósito", lamenta. Contactado pelo PÚBLICO, o assessor do ME diz que "não faz qualquer sentido falar em perseguição política". "O ministério não faz perseguições políticas", reforçou.

1 Comments:

Blogger /me said...

Se fosse na Rússia, a senhora levava um balázio. Sendo assim, não é Sócrates que tem de dar lições de moral a Putin, mas Putin que tem de dar lições de autoritarismo a Sócrates. Que vai no bom caminho (só não é bom para nós).

7/12/07 13:20  

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