OTA vez
António Brotas, professor catedrático e especialista em grandes infra-estruturas de transporte, apelou à população da região para que «se faça ouvir» e frisou que «a sociedade civil e muitos ministros já perceberam que a Ota não é solução», pelo que «ainda há tempo para evitar um gravíssimo erro». Tal como os outros convidados, António Brotas disse «nunca ter ouvido, por parte da ANA, um argumento a favor da Ota», o que o leva a concluir que a escolha deste local «pode ser um belíssimo negócio, mas não para o país». (...)Requisitos meteorológicos e de operacionalidade desfavoráveis, custos de construção e de terraplanagem elevados, prazos para início de exploração mais dilatados e impossibilidade de expansão futura foram alguns dos argumentos expostos por Jorge Paulino Pereira para rejeitar a localização Ota. (...)
«Ninguém tem defendido a solução Ota no meio académico, no meio dos pilotos civis e militares e no meio técnico e profissional. Apenas alguns políticos ou jornalistas envolvidos em agências de informação pagas pelo Governo têm defendido a solução OTA», acusou o professor.
Em seu entender, a solução Ota é «desajustada em termos de operacionalidade e de localização, de lugares de estacionamento e o mesmo se pode dizer em relação aos custos de construção, com vultuosas operações de terraplanagem para modelar o terreno, remoção de colinas (Monte Redondo), que são obstáculos aeronáuticos, e aterro de vales que estão preenchidos com aluviões», disse Jorge Paulino Pereira.
Os 3,1 milhões de euros a investir no novo aeroporto vão anda confrontar-se com o problema do esgotamento da capacidade da infra-estrutura em 2050, pouco mais de 30 anos depois do início da exploração. Nessa altura, lembrou o especialista, não será possível aumentar a capacidade da Ota, porque não haverá terrenos nas imediações para expandir o aeroporto.
O mesmo argumento usou António Diogo Pinto, professor catedrático em Geologia Aplicada e responsável executivo pela construção do aeroporto de Macau, para quem a decisão do Governo «nunca foi suficientemente fundamentada». Pelas suas contas, a Ota precisará de uma terceira pista «algures entre 2025 e 2050» e os custos de construção representam mais «60 por cento» que em Rio Frio. Por outro lado, considera António Diogo Pinto, as condições de eficiência exigidas a um equipamento desta natureza – acessos fáceis, baixo custo, máxima criação de PIB, efeito multiplicador do investimento, entre outras - «não estão reunidas» na Ota, ao contrário de Rio Frio, que «satisfaz todos os requisitos».
As razões ambientais que foram invocadas para preterir Rio Frio também não convencem estes especialistas. «O aeroporto na Ota será a maior construção da Europa e talvez do mundo em leito de cheia», disse António Brotas. Por outro lado, os «mais de 100 milhões de metros cúbicos de terras que têm de ser movimentadas, a necessidade de desviar uma linha da rede eléctrica nacional e uma ribeira, também representam um fortíssimo impacte ambiental», frisou António Brotas.
Os especialistas admitiram que há condicionantes de ordem ambiental em Rio Frio, mas entendem que esse problema não é razão para afastar esta solução. «É evidente que tem problemas ambientais mas estes não são insuperáveis e têm de ser avaliados com outras variáveis, porque os recursos que temos têm de ser balanceados», afirmou António Diogo Pinto, lembrando que «há dois anos arderam no Algarve dez vezes mais sobreiros que os que iam ser sacrificados em Rio Frio e o Governo ainda não se preocupou em replantá-los».
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