Há males que vêm por bem?
Porque «a Igreja é feita de homens e mulheres e o homossexual tende mais para se ligar mais ao homem e pôr de lado o sexo feminino». Carreira das Neves aludiu a «atitudes de padres homossexuais diante dos quais as mulheres que trabalham na Igreja e que são a maior parte desta se sentem de lado». «Isso existe», sublinhou o também professor de Teologia.Se quisermos levar o Pe. Carreira das Neves a sério temos então a explicação para a situação da mulher na Igreja Católica actual: a culpa é de todos os padres, bispos e papas homossexuais dos últimos dois mil anos. Mas alegremo-nos: há uma nova esperança para as mulheres porque esses malvados dos homossexuais vão ser afastados da hierarquia (quer dizer, só os novos, pelo que teremos que esperar umas décadas até que estejam todos fora) e finalmente teremos a igualdade na Igreja Católica!
Apesar do meu tom de brincadeira, pode ser que o Pe. Carreira das Neves esteja mais perto da verdade do que pensa: há homossexualidade não assumida entre o clero e isso poderá estar na origem de muitos dos problemas que se vivem actualmente. Apenas acontece que esta norma do Vaticano vai afastar os homossexuais assumidos, que seriam aqueles que não andariam a esconder problemas e por isso teriam a mesma probabilidade de serem bons padres que têm os heterossexuais. Aqueles que nunca quiseram reconhecer a sua própria homossexualidade continuarão provavelmente nos seminários, nas paróquias e nos organismos da Igreja, quiçá atacando violentamente os homossexuais, para que nem eles próprios percebam qual a sua orientação sexual.
19 Comments:
CA
Tenho o P. Carreira das Neves como uma pessoa inteligente, custa-me a crer que ele tenha dito as coisas "tal e qual". Se o disse é um grandessíssimo disparate. Não creio que seja a homossexualidade de alguns membros do Magistério que afasta as mulheres. Acho que até seria o contrário. Acho que é, simplesmente, uma questão de poder, no caso, patriarcal.
não venho aqui comentar este teu post (por falta absoluta e dramùatica de tyempo) mas apenas referir que o teu comentário no meu blogue deixa pouco espaço à liberdade; parece que um homossexual é como um negro, o produto de simples genes que é impossível superar (se partes desse pressuposto tenho que admitir que o nosso espaço de diùalogo é diminuto: é o determinismo puro e não sei o que estamos aqui a fazer)
Timshell
Há uma componente muitíssimo importante da orientação sexual que não é determinada pela pessoa. Mesmo não se sabendo se a causa é genética ou se tem a ver com as vivências da pessoa, há suficientes descrições de homossexuais sobre o que sentem desde a puberdade para não se poder lidar com o assunto como se fosse uma opção livre. Para quem se descobre assim, ser homossexual é tão natural como ser negro ou como ser canhoto.
O catecismo da Igreja tem uma distinção subtil entre tendência homossexual e actos homossexuais. Os actos livres podem ser considerados pecado. A tendência não. Quando o Timshell diz que "a homossexualidade é errada" não faz a distinção entre tendência e actos. No contexto actual a questão dos actos nem se coloca porque o candidato ao sacerdócio faz voto de castidade. O documento agora discutido considera a tendência como impeditiva do sacerdócio. Contudo a justificação apresentada não pode ser teológica (ninguém em 2000 anos se tinha lembrado de definir "tendências" nem se imagina um modo de as determinar, a menos que se siga a interessante sugestão do Lutz) e não tem qualquer fundamento nas ciências humanas. Assim aumenta-se desnecessariamente o preconceito contra os homossexuais apenas com base em preconceitos: isto é das coisas mais anti-cristãs que conheço.
MC
Não conheço o Pe. Carreira das Neves, mas tentar justificar o injustificável pode conduzir uma pessoa ao disparate.
Em minha opinião os problemas da hierarquia católica com a sexualidade e com a mulher são demasiado profundos para se resumirem a uma questão de poder. Do que tenho visto sobre a formação dada nos seminários, tenta-se fazer uma "engenharia de pessoas" com todos os riscos que existem quando se faz de aprendiz de feiticeiro.
1) A comunidade médica nunca afirmou que a homossexualidade não é uma doença. Simplesmente retirou-a da tabela de classificações de doenças mentais (o DSM)por votação (não por evidência científica) de um grupo restrito de peritos. Este mesmo grupo também retirou a pedofilia desta mesma lista.
2) o País mais liberal do mundo na matéria (a Holanda) também é o país onde existem mais consultas de "reorientação" psicológica (voluntárias, obviamente) e onde se estão a publicar grande parte dos resultados.
3) Até à data não se encontrou (e não foi por falta de dinheiro ou de investigadores) qualquer diferença genética, hormonal, cerebral ou neurológica entre pessoas com tendências homossexuais e os restantes 96% a 97% da humanidade.
4) Há, sim, diferenças entre gémeos, conforme são educados no mesmo ambiente (homo ou hetero) ou separados.
5) A homossexualiade não é apenas uma "variante" da sexualidade, como se fosse uma espécie de heterossexual que gosta de homens: é todo um mundo e uma cultura diferentes, com valores próprios, carregado de instabilidade e labilidade. Não é seguramente cor-de-rosa.
6) Existe uma tendência francamente superior para as relações com adolescentes e com menores, que faz parte da tal cultura que procura permanentemente a variedade e a alternância de estímulos.
7) É difícil perceber que tanto se tenha malhado na Igreja Católica por não se ter mexido antes, no caso da da pedofilia nalguns padres americanos(como se fosse a única, ou a pior, instituição onde tal aconteceu...) e agora se malhe de novo porque resolveram fazer alguma coisa.
8) Os casos que aconteceram nos EUA, na sua maioria, foram relações sexuais de padres - homens - com rapazes. Embora minoritários no total do clero católico, são suficientemente graves para que seja preciso maõs firme.
9) Evidentemente que cada um pode avaliar esta situação com lhe aprouver,mas dá sempre jeito explicar porquê ;-)
10) Desculpem a seca!!!
Carlos
Agradeço o seu detalhe técnico mas parece-me que, em alguns pontos, está em contradição, por exemplo, com o texto A Homossexualidade do Dr. Afonso de Albuquerque no I volume de A Sexologia - perpectiva multidisciplinar, coord por Lígia Fonseca e outros, Quarteto, Coimbra, 2003, de cujas conclusões cito:
"Há no entanto indicações que a orientação sexual, especialmente nas mulheres é influenciada por acontecimentos que ocorrem durante o período inicial do desenvolvimento fetal quando, sob a acção das hormonas esteróides sexuais, o cérebro se diferencia sexualmente;"
"Estudos de familiares e de gémeos, que no entanto necessitam de ser replicados, mostram que os genes desempenham um papel importante num sub-grupo de homens mas não sabemos se esses genes operam através da alteração do nível de esteróides sexuais ou ainda por outros meios;"
Claro que isto não contradiz o seu ponto 3) por uma subtileza: uma coisa é saber que deverá haver factores genéticos e outra é saber exactamente como é que tudo isso se processa. Durante muito tempo as tabaqueiras negaram a causalidade entre fumar e cancro do pulmão a pretexto de que não se conhecia o mecanismo.
Quanto a 1) e 2) parece-me que a tendência deixou de ser curar mesmo contra a vontade os homossexuais (como o caso de Alan Turing) mas passou a ser ajudar quem pede ajuda. No ambiente actual o facto de as pessoas pedirem ajuda não prova grande coisa. Quantos jovens com vocação para sacerdotes e tendências homossexuais não aparecerão agora nas consultas a tentarem "trata-se" para poderem ser sacerdotes?
Não discuto o ponto 5) mas deveria ficar claro que o mesmo se passa com a heterossexualidade! Quantos dos tais 96% a 97% de heterossexuais realizaram actos homossexuais e quantas variações, quantos modos de viver a sexualidade? Neste aspecto o que vejo é que a homofobia causa realmente estragos muito grandes na vida das pessoas. Agora se perseguimos as pessoas e as impedimos de terem uma vida afectiva estável e normal e depois vimos dizer de seguida que tínhamos razão, não me parece que estejamos a ser justos.
Quanto ao ponto 6) pedia-lhe referências específicas da literatura pois gostaria de saber mais sobre o assunto. Especificamente porque é que a homossexualidade estará mais ligada a uma "cultura que procura permanentemente a variedade e a alternância de estímulos" do que a heterossexualidade. Note que neste aspecto a moral católica não ajuda muito: um homossexual que mantenha uma relação estável é considerado como estando em pecado e não pode ser admitido à comunhão; se for mantendo relações esporádicas e viver tudo sentindo-se sempre culpado e se se for confessando entretanto até pode parecer um bom católico.
Dizer que a Igreja toma esta medida por causa da pedofilia só me levaria a ter que reconhecer uma profundíssima hipocrisia. Senão vejamos: um seminarista homossexual é rejeitado porque (admitindo o seu ponto 6) teria maior probabilidade de vir a abusar de crianças. Primeiro a Igreja não faz nada com os padres homossexuais já ordenados e esses constituem um risco tão grande como os que deixam de ser admitidos. Em segundo lugar quando sobre um padre aparecem queixas de abuso sexual de menores numa paróquia o caso é abafado e a política tem sido muitas vezes transferi-lo para outra paróquia onde também vai trabalhar com crianças!
Contudo, admitindo que a única preocupação da Igreja era evitar a pedofilia que seria mais frequente entre os homossexuais, então deveria ser claramente expresso o critério geral e os estudo que serviram de base. Por exemplo, se um seminarista vem de uma comunidade (étnica ou de um grupo social) onde a prevalência do crime é maior, deve ser rejeitado por isso?
Estou 100% de acordo com o seu ponto 9) e peço também desculpa pela seca.
1) Não sou perito em teologia, mas muitas das questões que levanta são bastante bem explicadas pelo Eng. Bernardo Motta nos comentários do afixe. Parece-me que grande parte das questões de entendimento em relação à Igreja Católica resultam de ser olhada como se fosse uma espécie de ONG, sujeita às regras de qualquer organização, esquecendo que o seu património doutrinário é o mesmo há 20 séculos e que a Igreja se limita a ser coerente. Podemos discutir o valor desse depósito doutrinal, mas esperar que a Igreja Católica o mude é ilusório: se o fizer deixa de ser Católica, será apenas (mais) uma igreja. Neste sentido, a ordenação não é um direito, é um serviço confiado a alguns, com critérios de tipo doutrinal. Como também não é um direito a comunhão, etc. Para o explicitar seria preciso muito tempo e um arcaboiço teológico que não tenho. Sorry... Muitos deste temas estão muito bem escritos e explicitados nas publicações do anterior papa, João Paulo II que também tem muitos escritos sobre antropologia. Pode ser uma boa fonte para quem goste do entender melhor o assunto.
2) Há muitas opiniões publicadas mas serão mais relevantes as que se baseiam em dados, e que foram passadas pelo crivo das revistas com mais peso. Os factos que cito são da APA (American Psychiatry Association)que é quem determina os critérios de diagnóstico, o que, por sua vez, tem consequência nas orientações terapêuticas e na organização e planeamento dos serviços de saúde. Não são definitivos, mas é o que há de momento e seria pouco lógico ignorá-los.
3) Não se conhecem feromonas na espécie humana.
4) A genética nunca actua sozinha: quem tem diabetes, foi concebido (geneticamente) com diabetes (a predisposição, o "terreno"), mas pode nunca vir a ter doença: depende de decisões individuais (comida, por ex.), colectivas (regualmentação e leis, por ex.), cultura (publicidade, por ex.), etc. O que não há é uma predisposição física para a homossexualidade descoberta até à data, apesar do muito que se procurou.
5) "Orientação" sexual não é um termo técnico, nem se sabe muito bem o que seja. Releva mais da área política (é assim como a distinção entre drogas "duras" e "leves"); tecnicamente não se sabe o que é orientação - cada um "orienta-se" como quer, em função de uma quantidade enorme de estímulos, inclinações e decisões. Se a "orientação" sexual for um direito, então os grupos de pressão que pugnavam junto da ONU (e do P Europeu) pela legalização das relações com menores têm razão (seria apenas o exercício de um direito).
6) Se houve erros práticos nos EUA em relação ao modo como se actuou com a minoria de padres que tiveram, nos anos 70 e 80, relações com rapazes menores, então o que está a contecer agora parece sinal de se aprendeu. Em relação aos padres ordenados o que acontece é que eles não podem ser "des-ordenados" - o sacramento da Ordem imprime um carácter indelével que nem a Igreja pode limpar. É a questão de se entender, ou não, que a Igreja não "inventa" a doutrina, apenas a administra. O que não significa que eles continuem a exercer como padres. O que está aqui em causa é reconhecer que há características pessoais (não só a sexualidade, que é apenas uma dimensão - entre outras- da pessoa)que tornam imprudente o exercício de certos cargos (do mesmo modo como achamos bem que quem tem doença cardíaca não possa conduzir aviões). Não se trata apenas da pedofilia, é a necessidade de serem pessoas com grande sentido de equilíbrio e estabilidade emocional. A mulher que assassinou o Padre Roger em Taizé fê-lo motivada por não ter sido considerada apta para ser freira.
7) Se quiser saber coisas sobre a cultura homossexual, há um livro interessante de um psicólogo holandês (que é professor e investigador do assunto há muitos anos) Gerard van Aardweg, "Homosexualidade e esperança", que está traduzido em português.
8) A homofobia não tem razão de ser. As pessoas não se definem pelas suas práticas sexuais (das inclinações interiores só saberemos se elas o revelarem. Mas o respeito pressupõe também o direito a ser respeitado.A não ser imposta a promoção da homossexualidade como algo quase obrigatório para se "estar na moda". O direito à diferença é difícil de equilibrar com o direito absoluto à igualdade.
Peço desculpa pelas gralhas e pelo texo mal amanhado. Sou excessivamente amador e sem tempo para me profissionalizar :-)
Carlos
Quanto à questão teológica, conheço os argumentos do Bernardo mas a visão dele apenas o representa a ele e a alguns sectores minoritários da Igreja. Não representa sequer a ortodoxia. Já tive debates com o Bernardo no Espectadores e já coloquei ao Bernardo questões sobre este assunto para as quais aguardo resposta. Pode crer que não confundo a Igreja com uma ONG mas também tenho consciência que a Igreja deve fidelidade a Cristo e não a nenhum teólogo ou Papa.
É impressão minha ou no ponto 2) acaba por aceitar que o mais razoável é seguir o DSM e não considerar a homossexualidade uma doença?
Onde é que entram as feromonas neste debate?
A questão da determinação do modo de viver a sexualidade da pessoa não é saber se os factores são genéticos, ambientais, comportamentais ou outros. A questão é: se alguém percebe que só tem atracção sexual por pessoas do mesmo sexo e isso não foi fruto de opções pessoais conscientes não se pode tratar o assunto como se a responsabilidade fosse da pessoa. Quando se percebe que a homossexualidade esteve sempre presente na história da humanidade então tem que se admitir que não se explica apenas por questões culturais ou ambientais.
Se a "orientação" sexual não é um termo técnico, o que me diz de "tendências" homossexuais? Onde está definido, já que vai ser usado para discriminar pessoas? Será que um rapaz que tem um grande amigo, num seminário será classificado como tendo tendências homossexuais e noutro seminário outro formador diria que a relação não indicia homossexualidade?
É óbvio que a orientação, só por si, não dá direitos à pessoa que não derivem dos direitos do homem. Muito menos lhe dá direitos a interferir com o desenvolvimento de crianças. Mas o que está em causa é saber se há razões para discriminar as pessoas apenas por terem uma tendência homossexual, independentemente dos seus actos e da sua disposição para viver em castidade.
Não tenho dúvidas quanto à necessidade de a Igreja avaliar os candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa. Creio é que isso tem necessariamente que ser feito caso a caso e nunca com documentos gerais mal justificados. Note que a questão da pedofilia nem sequer é invocada no documento e mantém-se a minha objecção de fundo: sempre que um determinado factor indicar que uma pessoa tem em abstracto mais probabilidade de não ser um bom sacerdote, deve fazer-se um documento geral excluindo toda essa classe de pessoas do sacerdócio? Da sua resposta sobre doença cardíaca e pilotos de avião presumo que sim. Mas nesse caso seria necessário estudar cuidadosamente se a homossexualidade é efectivamente um factor de risco e estudar de modo equivalente todos os outros factores de risco. E mesmo assim há riscos sérios de se entrar por caminhos perigosos: se se provar que as pessoas divorciada têm mais tendência para se tornarem alcoólicas (em termos estatísticos, claro) dever-se-ão excluir os divorciados de pilotar aviões?
Obrigado pela referência ao livro mas fez uma afirmação muito grave, que os homossexuais tinham mais tendência para a pedofilia, e gostaria de saber em que estudos se baseou para tal afirmação.
Estou de acordo que a homofobia não tem razão de ser. Mas existe. Até agora não vi a promoção da homossexualidade para se estar na moda. Apenas vi homossexuais que querem que as suas relações sejam respeitadas. Gostei da campanha pelo direito à indiferença.
Não sou competente para discutir os critérios práticos de admissão ao sacerdócio: conheço mal o assunto. Limito-me a usar o bom senso acerca do que vou lendo: não havendo soluções perfeitas, há que procurar o razoável. Se o sarilho tem a gravidade que teve a situação daqueles desgraçados (em sentido estrito)americanos é natural que não se fique apenas por considerandos genéricos. Para situações excepcionais , haverá regras excepcionais.
Não vejo a questão como discriminação: toda a gente discrimina, de certo modo, ao fazer escolhas. Quando vai às compras, só compra o que lhe parece mais adequado e não o que lhe querem vender. O exemplo não é brilhante (mas eu tb não sou do tipo luminoso..) mas dá para perceber. Não existe um direito ao sacerdócio, como não existe um direito a ser admitido à comunhão: há, sim, uma responsabilidade de administrar aquilo que os católicos chamam carismas, dentro da Igreja.
Parece-me pior admitir - por preconceito cultural ou moda pedagógica - candidatos ao sacerdócio que terão, de modo previsível, dificuldades práticas insuperáveis ou uma tensão psicológica permanente. Penso que isso é que seria prejudicá-los.
Parece-me óbvio que as regras gerais devem ser aplicadas com sentido humano e bom senso. Do que li do documento (não tive tempo para ler tudo com o pormenor que queria), vejo que se acentua não a "tendência", mas as "práticas" e o "enraízamento". Ou seja, não se exclui toda a gente: estabelece-se uma regra prudencial.
Por último (+ 1 vez c/ desculpas pelo atabalhoado), as relações com menores são reconhecidas pelo "Gay Report" - que é uma publicação gay - desde, pelo menos, os anos 70.
Não tenho à mão a referência, mas os números são da ordem de: 1 em cada 5 homens que têm relações com homens, tb têm relações com menores. Isto não é uma colagem da homossexualidade à pedofilia (que, como disse, tb desapareceu do DSM, como doença): é o reconhecimento de um certo tipo de cultura e de práticas. Que tb existem entre os heterossexuais, embora em menor percentagem. Tal como o incesto, que existe em famílias com pai e mãe, mas é quase trinta vezes superior com pares do mesmo sexo. Ou como a agressão intraconjugal que é superior em casais com relações informais. Isto não é um juízo de valor, são os números e as probabilidades. As pessoas são pessoas; há gente extraordinária em todas as situações, mas seria imprudente - para quem tem obrigação de decidir sobre o colectivo - ignorar a realidade ou promover o "deixa correr".
Em boa verdade não existem homossexuais: as pessoas não se definem pelos seus impulsos sexuais. Há pessoas com impulsos homossexuais (transitórios, permanentes, intermitentes), como com uma enorme e variada gama de outros impulsos, que são pessoas, acima de tudo, e que vivem com a sua personalidade, como todos nós. Não estou dentro da cabeça de ninguém para conhecer os seus impulsos e dificuldades (muito menos para os julgar). Estou convencido de que à minha volta há muitos heróis anónimos; mas se puder apostar em contextos de maior harmonia, não me agarro ao que é arriscado apenas porque é a tendência do momento.
As feromonas devem ter "aterrado" de um outro post. Decididamente não fui feito para a blogosfera...
Carlos
O "atabalhoado" é típico da blogosfera e mostra que o Carlos está já perfeitamente adaptado.
Obrigado pela indicação para o Gay Report.
Estive a ver, no volume sobre sexologia que citei no outro comentário, o artigo sobre parafilias, do Dr. Francisco Allen Gomes, que inclui a pedofilia. Não encontrei correlação com a homossexualidade. Em contrapartida refere factores de risco em relação à pedofilia, citando outro autor (Marshall, 1997): "falta de empatia; falta de intimidade; distorções cognitivas; terem sido abusados na infância; uso de alcoól e drogas; psicopatologia."
Se a preocupação é evitar os abusos sexuais de menores parece-me que a instrução do Vaticano não está muito bem dirigida. Seria preferível uma boa avaliação psicológica ou psiquiátrica (que, ao que sei, certas congregações religiosas já pedem para os seus candidatos).
O Carlos refere agora por alto uma série de estatísticas. Seria necessário que as referências fossem mais precisas para se avaliar se se trata de estudos minimamente bem feitos e se os resultados têm sido replicados por outros estudos. Infelizmente os preconceitos dos autores distorcem por vezes o modo como certos estudos são feitos.
«2-4% dos homens que se sentem atraídos por adultos, preferem homens; 25 a 40% dos homens que se sentem atraídos por crianças, preferem rapazes»
(Blanchard R, Barbaree HE, Bogaert AF, Dicky R, Klassen P, Kuban ME, Zucker KJ. Fraternal birth order and sexual orientation in pedophiles. Archives of Sexual Behavior 2000;29:463-478)
E também (é uma colecção eclética e apenas o que tinha à mão):
- Journal of Sex & Marital Therapy, K. Reund et al., 1984
- Eastern Psychological Assoc. Convention, N. York; Knight, Raymon A., 1991
- JAMA, Wasserman, J., et al., 1984, 1986
- Journal of Interpersonal Violence, Marshall, W.L., et al., 1991 (aí tem o seu Marshall)
- Psychiatric Journal, Univ. Ottawa, Bradford, J. W., et al., 1986
Caso o tema o interesse muito (não é o meu caso), ler o "Gay Report" na íntegra pode valer a pena (é uma leitura um bocado pesada). Data de 1979 e foi conduzido por Karla Jay, Ph.D., e Allen Young (Jornalista), ambos com vários graus académicos e ambos são activistas gay. O trabalho ainda hoje é citado nos meios académicos. São entrevistas e inquéritos a cerca de 5000 pessoas do mundo gay.
Concordo consigo quando diz que é difícil encontrar trabalhos credíveis: por isso é tão importante que tenham sido revistos sob o ponto de vista do rigor da metodologia.
A saga da classificação da pedofilia no tal DSM dava para uma semana, mas sou apenas um diletante e nem sequer muito interessado no tema. Como o sururu social foi grande quando saiu, entrou de forma políticamente correcta. Apenas se considera a pedofilia uma perturbação, se o próprio se considerar perturbado pelo sucedido.
Bom fim-de-semana.
Carlos
Muito obrigado pelas referências. Vou ler o que puder e voltarei a dar notícias. Volte sempre.
Gostaria de acrescentar algo: o existir de uma "cultura gay", o que quer que isso signifique, não terá a ver com a discriminação de que homossexuais têm sido alvo? O haver valores pouco seguros e muita volatilidade não pode ser explicado por isso?
Num casal heterossexual, qual é o peso da pressão social sobre o mesmo? A sociedade não favorece a estabilidade?
E no caso de um casal homossexual? A sociedade não só não ajuda à estabilidade, mas por vezes é o contrário.
Assim sendo, muitos homossexuais vivem à parte do mundo, tendo de criar os seus próprios valores. Fruto de discriminação. Mas depois tenta-se cobrar essa mesma falta de valores? Não será pecado a dobrar?
Eu respeito todas as opiniões, e gostei muito de ler todas as opiniões aqui, inclusivamente aquelas com as quais discordo. Mas pedia que nunca se esqueçam que cada pessoa é uma pessoa, que vive a sua própria realidade. Usar estatísticas para definir a moral atenta contra a dignidade humana.
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